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Tendo em vista que a produção de fontes dingbats é um campo fértil para a representação de um determinado recorte territorial e das suas particularidades culturais e simbólicas, identificou-se caminhos de convergência entre as áreas do Design de tipos e da Cartografia Social.

Dessa convergência surgiu o projeto Dingbats Baía Formosa.

Um mapa social, assim como os mapas tradicionais, é construído a partir de uma imagem de satélite na qual os participantes identificam locais do território no qual habitam e os sinalizam a partir do desenho manual de símbolos representativos. A representação visual dos elementos que caracterizam a região é fundamental para a leitura do mapa: os símbolos funcionam como conexão entre as informações do mapa e a sua legenda. 

A metodologia para o desenvolvimento da Dingbats BF contemplou sete fases, desde a coleta e análise dos dados, passando pela produção e teste dos caracteres, e culminando no uso dos símbolos em artefatos gráficos comunicacionais e mapas sociais. 

o processo

Criação dos dingbats

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O primeiro passo para a criação das fontes foi a elaboração de um mapeamento social de Baía Formosa a partir da visão de habitantes locais, tendo como base uma série de oficinas teóricas e práticas relacionadas à cartografia social e educação ambiental, embasadas em autores como Gorayeb et al. (2015), Acselrad e Coli, (2008) e Costa et al. (2016). Os mapas produzidos foram analisados a procura dos símbolos desenhados para a representação do território.

A análise dos mapas possibilitou a organização de uma lista dos diversos pontos territoriais destacados pelos habitantes de Baía Formosa. A lista foi utilizada como elemento norteador para a uma pesquisa de campo no município, a partir da qual construiu-se um acervo fotográfico dos locais e de elementos da cultura material e imaterial identificados pelos moradores.

Para o aprofundamento do estudo da cultura material e imaterial do município realizou-se, também, uma pesquisa documental em diretórios on-line e em redes sociais a procura de informações e de outras fotografias dos pontos representados nos processos de mapeamento. 

O processo de pesquisa culminou em uma lista de centenas de símbolos que deveriam ser transformados em caracteres tipográficos. Optou-se, portanto, pelo projeto de cinco fontes, que explorariam: 

a) elementos e locais da área urbana do município;

b) objetos característicos da região;

c) elementos da natureza local;

d) expressões idiomáticas utilizadas no território;

e) cenas representativas do município.

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As fontes foram projetadas por alunos do curso de Design da UFRN a partir do método proposto por Cunha (2019), composto por 11 fases:

1) Pesquisa iconográfica;

2) Categorização e seleção das referências concretas;

3) Esboços iniciais manuais;

4) Definição da relação entre a espessura das hastes, a proporção vertical e a proporção horizontal;

5) Definição da regra de funcionamento da caixa-alta e da caixa-baixa da fonte;

6) Desenhos manuais de caracteres;

7) Criação de um grid digital em um software de desenho vetorial;

8) Desenho digital dos caracteres dentro dos parâmetros definidos;

9) Transposição para o software de geração de fontes;

10) Espacejamento lateral;

11) Geração do arquivo fonte.

Por fim, ao final do projeto das fontes, realizou-se o teste dos caracteres por meio da aplicação de oficinas de confecção de cartazes e de Cartografia Social. Para facilitar o uso dos caracteres nas oficinas, grande parte dos dingbats evita contraformas completamente fechadas em seus desenhos. Esse tipo de construção formal possibilita a confecção de placas de stencil com tais símbolos. Assim, foi possível produzir matrizes dos símbolos em acetato e facilitar a reprodução dos desenhos pelos participantes a partir da pintura das placas de stencil.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte | CCHLA | Departamento de Design | 2024

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